Ficha de leitura nr: 4
Unidade de ensino: Património Genético
Conteúdo/Assunto: Já é possível o transplante de órgãos entre pessoas de grupos sanguíneos diferentes
Resumo: A eliminação de anti-corpos num recetor, poderá ser a solução para a doação de órgãos entre pessoas de grupos sanguíneos diferentes.
Num Hospital Alemão, Hospital Universitário Uniklinic Koln, um especialista nesta área, o professor Dr. Arnulf Hoelscher, foi o primeiro médico a realizar um transplante de rim entre pessoas com diferentes tipos de sangue.
Até ao momento transplantes entre pessoas com diferentes tipos de sangue não eram possíveis, no entanto, existe agora um novo processo que permite a doação independente do grupo sanguíneo do dador do rim, o que oferece uma nova esperança a quem sofre de insuficiência renal crónica.
Surgem assim, grandes oportunidades para os doentes que fazem, por exemplo, hemodiálise.Se uma pessoa saudável doar um dos seus rins a um doente com insuficiência renal, não haverá um dano significativo para o dador, no entanto, teria que ter um tipo de sangue compatível para não haver uma futura rejeição do órgão. Este obstáculo é agora ultrapassado pelo tipo de sangue que este Hospital Universitário utiliza.
A utilização de drogas modernas e um sistema de purificação do sangue, em que é retirado os anticorpos do grupo sanguíneo, levam a acreditar que estes limites estão agora superados, refere o médico de nefrologia o Dr. Sven Teschne.
O método inovador de blutgruppenungleichen (diferentes tipos de sangue), foi aplicado por uma equipa dirigida por Professor Benzing e Walz, Professor, Director da Clínica Médica em Freiburg, em 2004, pela primeira vez na Alemanha. O transplante de rim verificou-se um sucesso, tendo sido realizado a outros doentes.
PRIMEIRO CASO PORTUGUÊS
Realizou-se no Hospital de Santo António, no Porto, o primeiro transplante renal em que a dadora e a recetora possuíam um grupo sanguíneo diferente. Um avanço que vem facilitar o problema das compatibilidades.
A incompatibilidade de grupo sanguíneo era até hoje um dos maiores impeditivo para a realização de um transplante, dado que que se assistia à rejeição do órgão. Esse problema pode estar prestes a ser extinto também em Portugal e Rosário Pinto é o exemplo disso.
O hospital de Santo António, no Porto, decidiu arriscar um procedimento realizado pela primeira vez na Alemanha que já foi feito milhares de vezes em todo o mundo, menos em Portugal: realizar um transplante em que a dadora e a recetora têm grupos sanguíneos incompatíveis.
Rosário ainda hesitou mas acabou por avançar e aproveitar esta “janelinha de oportunidades”.
A irmã de Rosário foi a dadora, num processo que se chama Plasmaférese e que consiste em retirar anticorpos anti-B (uma vez que a paciente tinha um grupo sanguíneo 0+) que levariam à rejeição do rim.
Durante 10 dias a mulher submeteu-se a este processo para garantir que o seu corpo aceitaria aquele órgão. Também precisou de estar em observação 20 dias depois do transplante para garantir que tudo tinha corrido bem e, agora, três meses depois, é certo que a operação foi bem-sucedida.
A situação traz um novo alento aos médicos, que acreditam que desta forma se pode contornar o facto de ser muito difícil encontrar dadores compatíveis.
Esta opção de tratamento inovador apresenta um potencial enorme, na medida em que este método irá agilizar todo o processo e permitirá aos doentes renais terem uma vida com mais qualidade.