quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O clima já está a mudar a nossa vida



Ficha de leitura nº5

Unidade de ensino: Preservar e recuperar o meio ambiente
Conteúdo/Assunto:  O clima já está a mudar a nossa vida

Resumo:  Da agricultura ao turismo, da saúde às pescas, das cidades às praias, as consequências do aquecimento global são transversais à sociedade. Nada será como dantes. Pior: hoje, já nada é como dantes.  CONSULTE A INFOGRAFIA e veja de que forma Portugal já está diferente


Menos chuva, mas mais períodos de precipitação extrema. Subida da temperatura de meio grau por década. Ondas de calor mais frequentes e longas. Secas intensas e prolongadas. Doenças tropicais. "Sim", pensa o leitor. "A lengalenga de sempre. Já sei que as alterações climáticas vão afetar o País. Mas estou mais preocupado com o jantar de hoje."

Um pormenor: estas não são previsões para o clima daqui a cem anos, nem 50, nem 20. Não são previsões, são uma observação. É o presente. Nas últimas décadas, o clima tem mudado, e em Portugal essas mudanças são particularmente profundas. O tempo hoje não é o mesmo que em 1980. A chuva cai mais concentrada, provocando inundações cada vez mais frequentes e destruidoras, como as que provocaram o caos por todo o País neste outono. De ano para ano, muitas praias tornam-se mais magras, devido à subida do nível do mar, à erosão e às violentas tempestades invernais. As secas começam a tornar-se tão comuns que alguns agricultores estão a mudar de culturas. As seguradoras já levam em consideração os estudos sobre alterações climáticas nas cartas de risco. Os verões com temperaturas que antigamente seriam normais são hoje considerados frios. E quanto a doenças tropicais, a Madeira passou, há dois anos, por um surto de dengue que infetou mais de duas mil pessoas. O Algarve, dizem os especialistas, será a próxima paragem do mosquito.

"A temperatura média global já aumentou 0,85º C desde o período pré-industrial. Em Portugal, esse aumento é ainda superior", explica Filipe Duarte Santos, coordenador dos maiores estudos nacionais sobre alterações climáticas. "Por causa disso, tendem a aumentar a frequência e a intensidade de fenómenos extremos, como precipitação elevada em períodos curtos, secas, ondas de calor. Tudo está a ser afetado por um clima em mudança."
O aquecimento é irreversível. Mas isso não significa que se desista de tentar mitigar os seus efeitos. É essa a razão para a 20.ª Conferência das Partes, das Nações Unidas, que decorre esta semana em Lima, no Peru: negociar a redução de emissões para que no encontro do próximo ano, em Paris, se possa assinar um acordo entre os chefes de Estado, limitando o aumento de temperatura a 2º C. Mas a adaptação - consciente ou inconsciente - aos novos tempos já começou.

As provas de que o clima está diferente são indesmentíveis. Fátima Espírito Santo, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), enuncia os dados registados nas últimas décadas. "Desde meados dos anos 70, a temperatura média subiu em Portugal Continental a uma taxa de cerca de 0,3º C por década; dos dez anos mais quentes, sete ocorreram depois de 1990, sendo 1997 o mais quente; aumento na intensidade e duração das ondas de calor; os três anos mais secos desde 1931 são do século XXI; há um decréscimo da precipitação anual; cinco dos dez anos mais secos ocorreram depois do ano 2000." A tendência vai manter-se, continua a climatologista. "Em 2040, a temperatura média anual deverá subir de 0,5º C a 1º C? e a precipitação anual diminuirá cerca de 15 por cento."

"Os estudos mostram que nos últimos 30 anos os padrões do clima estão muito diferentes", reforça José Paulino, da Agência Portuguesa do Ambiente e um dos autores da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC). As mudanças são tantas e tão transversais que lhe é difícil escolher uma área mais vulnerável. "Agricultura, florestas, biodiversidade, zonas costeiras... Mas também a indústria, dependente de matérias-primas que podem ser afetadas [pelas alterações climáticas], o ordenamento do território, o turismo e os recursos hídricos. Pouco a pouco, as pessoas apercebem-se que toda a sociedade está a ser afetada."


Culturas substituídas
O setor dos seguros, pela natureza do próprio negócio, é dos mais atentos a esta evolução. "Há muito que envolvemos as alterações climáticas no leque de preocupações estruturais a monitorar, estudar e gerir", adianta Miguel Guimarães, da direção da Associação Portuguesa de Seguradores. "É evidente que eventos da Natureza com consequências severas têm ocorrido em Portugal com maior frequência e gravidade. Sobretudo as inundações e as tempestades, na última década, como o comprovam os danos registados." Atualmente, muitas análises de risco já pesam os efeitos das mudanças do clima, influenciando as próprias tarifas. Ou seja, os seguros - multirriscos, coberturas extra de automóveis, agrícolas e de vida - tendem a ser cada vez mais caros. E esta é apenas uma gota na torrente de transformações em curso.

Sem surpresa, a agricultura é outra área em mutação. Todos os cenários anteveem um clima mais seco, com implicações claras em algumas das principais culturas portuguesas, até ao final do século. Segundo o último relatório SIAM (Scenarios, Impacts and Adaptation Measures, coordenado por Filipe Duarte Santos), a espécie mais afetada será o arroz, com perdas de produção médias, para o País, entre 55 e 70% (no Alentejo, as perdas podem chegar aos 91 por cento). Segue-se o milho, com quebras de 11 a 26%, e o trigo, de 6 a 22 por cento. Das culturas estudadas, a pastagem é a única que apresenta melhorias de produtividade, entre 10 e 25% (no Norte, pode ir aos 60 por cento). Por outro lado, o cultivo de hortícolas beneficiará das temperaturas mais amenas no inverno. Um caso de estudo no Vale do Sado conclui ainda que a alteração das datas da sementeira pode ajudar a minimizar as perdas.

Muitos agricultores já estão a integrar as consequências das alterações climáticas nas suas decisões. "Os jovens, mais informados e despertos, têm em linha de conta estes efeitos", garante Ricardo Brito Pais, presidente da Associação de Jovens Agricultores de Portugal. "Diversificam as suas áreas, investem mais em estufas e cultivam espécies de climas mais quentes e secos."

A crescente instabilidade do tempo tem levado igualmente a um aumento da contratação de seguros para as colheitas. Já a agricultura biológica será especialmente dificultada pelo aparecimento de novas pragas, enquanto as culturas geneticamente modificadas serão parte da solução, ao poderem ser trabalhadas para resistirem melhor aos infestantes.

Progressivamente, também as florestas sofrerão. Além do aumento do risco de incêndios (a época de risco tende a ser alargada à primavera e ao outono), as condições serão mais propícias às pestes que atacam as árvores mais comuns. 

Espera-se uma produtividade menor do pinheiro e do eucalipto (com exceção no litoral norte e nas terras altas), enquanto a área de sobreiro será alargada para norte, em zonas com maior disponibilidade de água. A espécie, no entanto, sofrerá reduções com a falta de água nas regiões do Sul. Para facilitar a adaptação, a ENAAC propõe que o Estado utilize os fundos europeus para incentivar a produção de espécies mais resistentes. Mas as mudanças mais difíceis de implementar não são as do campo.
As cidades estão no centro do furacão (literalmente, muitas das vezes). 

No entanto, os Planos Diretor Municipal continuam a não ter em conta as alterações climáticas. Lisboa, por exemplo, tem sofrido cheias atrás de cheias, com a autarquia a declarar-se impotente para resolver um problema estrutural. Para 2015, estão alocados €1,7 milhões para obras no âmbito do plano de drenagem, desenhado em 2007 - plano esse que prevê serem necessários 153 milhões de euros para construir bacias de retenção de águas.

O investimento é grande, mas mais caro é nada fazer, diz Catarina Freitas, diretora do departamento de Estratégia e Gestão Ambiental Sustentável da Câmara de Almada, um dos municípios mais ativos na adaptação ao novo clima. 

"Por cada euro gasto, poupamos quatro ou cinco." O município tem recuperado linhas de água naturais, alargado o diâmetro da canalização e redimensionado as bacias de retenção para enfrentar os picos de cheia - opções baseadas nos cenários climáticos. Para combater as elevadas temperaturas do verão, há ainda um programa para plantar mais vegetação no centro da cidade, onde as temperaturas chegam a estar 4º C acima da periferia (o chamado efeito de ilha de calor urbana).

Os investigadores, porém, avisam que isto não chega: a climatização de espaços públicos será crucial para situações de emergência. E, além do calor, outros problemas começam a surgir, como as concentrações perigosas de ozono de superfície, devido ao aumento do número de dias quentes, levando a mais casos de problemas respiratórios graves (estima-se que seja causa de morte de 20 mil pessoas por ano, na Europa).
Igualmente preocupante é o risco de transmissão de patologias como a doença de Lyme, salmonelas, criptosporidiose, dengue, febre do Nilo Ocidental e malária - potenciadas por calor, humidade e má qualidade da água. O dengue, na verdade, já chegou à Madeira: no final de 2012, sete anos depois de terem sido detetados na ilha os primeiros mosquitos infetados com o vírus, eclodiu um surto que durou seis meses e provocou 2 168 casos de febre de dengue. Por causa disto, e à semelhança do plano de contingência para as ondas de calor, com avisos à população, existe já um programa de vigilância de culicídeos (insetos que transmitem doenças).


Menos água, luz mais cara
Apesar da frequência de trombas de água, chove cada vez menos em Portugal, de década para década (com a primavera, o verão e o inverno mais secos, e o outono mais húmido). No Sul do País, há um "aumento da contribuição de dias chuvosos para a precipitação anual", diz a climatologista Fátima Espírito Santo. 

Por outras palavras: chove menos, mas de forma mais concentrada. Os modelos climáticos indicam precisamente que haverá assimetrias sazonais, com secas mais extremas e prolongadas no Sul e inundações (que afetam a qualidade da água).

A subida do mar poderá também aumentar a salinização dos lençóis freáticos - uma situação já bem atual no Algarve. A solução passa por transferir água entre bacias hidrográficas e construir barragens. Mas a falta de água também afetará a produção de energia hidroelétrica no Centro e no Sul do País (no Norte, espera-se um aumento de produção). A este problema aliam-se os danos causados por fenómenos extremos nas linhas de distribuição de eletricidade, aerogeradores e gasodutos. A própria temperatura tem um efeito negativo, calculando-se perdas de energia de 1,6% associadas ao aumento do calor. 

O maior número de dias de sol favorece a energia fotovoltaica, mas não chega para inverter a tendência para a subida dos preços da luz.
Nem o turismo escapa. E se podemos contar, em teoria, com um crescimento de visitantes na primavera, outono e inverno, cortesia de uma meteorologia mais amena, não nos podemos esquecer que o Norte da Europa (de onde vem a maioria dos nossos turistas) também se vai tornar menos frio. Por exemplo, em 1995, o verão foi muito quente no Reino Unido; no ano seguinte, a entrada de turistas britânicos no nosso país teve um crescimento mais fraco do que o habitual - foram para fora lá dentro.

Mas nem tudo é péssimo. Portugal é um dos países mais vulneráveis, sim, mas também um dos mais bem-comportados. O último índice de desempenho de alterações climáticas, divulgado esta semana, da organização não-governamental GermanWatch e da Rede Europeia de Ação Climática, coloca-nos entre os melhores do mundo, avaliadas as políticas ambientais e as emissões de dióxido de carbono - um honroso quarto lugar. Apenas Dinamarca, Suécia e Reino Unido estão à nossa frente. Mas a verdade é que também temos muito mais a perder do que os outros.


Ler mais: http://visao.sapo.pt/o-clima-ja-esta-a-mudar-a-nossa-vida=f804925#ixzz3PZOHoMSQ

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Que cuidados é que a grávida deve ter na prática desportiva?

Ficha de leitura nº1

Unidade de ensino: Reproducao Humana
Conteúdo/Assunto: Cuidados a ter na gravidez durante a pratica desportiva
 

Que cuidados é que a grávida deve ter na prática desportiva?

Se nunca fez exercício antes, deve começar devagar por uma rotina de exercícios de baixo impacto. Consoante for ganhando resistência poderá subir gradualmente o nível de intensidade do seu treino. Não deve cansar-se em demasia, a atividade física não deve ser de alta intensidade, mas sim moderada. Se já faz exercício físico regularmente, em geral poderá continuar.

À medida que a gravidez avança, poderá no entanto ter de diminuir o ritmo.

Os requisitos gerais para ser ativa deverão ser o não existir nenhuma contra-indicação e após a autorização médica. Além disso, deve utilizar um cardiofrequencímetro (medidor da frequência cardíaca); evitar exercitar-se em ambientes quentes e fazer pausas para beber água, antes, durante e após o exercício; alimentar-se bem e comer 1h antes do seu treino. 
 
Deve ficar atenta a qualquer mudança, nas sensações físicas. É fundamental “ouvir” o corpo e interromper de imediato a atividade e procurar o médico,em caso de: perda de líquido amniótico; dores no peito; contração uterina; hemorragia vaginal; enxaqueca; tontura; súbito edema; redução movimento fetal; dificuldade em respirar ou fadiga em excesso. Para além disso existem algumas outras contra-indicações absolutas para qualquer atividade física, como: pré-eclampsia, rutura de membrana, doenças miocardias; suspeita de stress fetal; risco de parto prematuro; doença infeciosa aguda; sangramento uterino; cérvix incompleta, placenta prévia ou outra situação, que o próprio médico poderá indicar.



Tudo o que é em excesso é prejudicial e o exercício durante a gravidez não é exceção!


O exercício muito intenso pode trazer consequências para a mãe como: lesões, possibilidade aumentada de aborto e parto prematuro e hipoglicémias. Assim como para o bebé, a falta de oxigénio que o exercício intenso origina pode levar a má formações, sofrimento fetal e crescimento retardado. Mas se for controlado e bem acompanhado, sentir-se-á muito mais ativa, disposta e forte para os grandes momentos de vida que se seguem

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Nova espécie de micróbios descoberta

Ficha de leitura nº4

Unidade de ensino: Imunidade e controlo de doenças
Conteúdo/Assunto: Nova espécie de micróbios descoberta

Resumo:  Ao que parece o nosso planeta ainda esconde bastantes coisas. Mas cada vez mais o ser humano desvenda novos mistérios e desta vez foi em Washington que foram descobertos um voto tipo de micróbios.


Investigadores da Universidade do Sul da Califórnia e da Universidade do Havai começaram a estudar amostras de uma nova espécie de micróbios, a viver por baixo da crosta terrestre. Como ganham energia através da reação com sulfato, podem ser a resposta a algumas investigações sobre o ciclo do carbono.
"É a primeira descoberta de atividade de micróbios neste tipo de ambiente, e mostra a capacidade destes organismos respirarem carbono orgânico", disse Alberto Robador, autor de um artigo sobre as recentes descobertas.
Esta capacidade pode trazer uma nova luz à investigação do ciclo de carbono, que se tem alterado devido à emissão de dióxido de carbono para a atmosfera pela atividade humana. Como respiram sulfato e localizam-se na crosta terrestre, saber como esta espécie sobrevive pode responder a novas perguntas sobre o equilíbrio carbónico na Terra, nomeadamente sobre a presença do dióxido de carbono nos oceanos.
As amostras para estudo foram retiradas da costa de Washington, nos Estados Unidos da América. Para evitar a contaminação do aquífero pela água no mar, os investigadores criaram um sistema de rolha (CORK, Circulation Obviation Retrofit Kit), e utilizaram balões de ar controlados remotamente, que descem até ao fundo do mar e trazem as amostras à superfície.

http://querosaber.sapo.pt/ciencia/nova-especie-de-microbios-descoberta

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Renováveis garantiram 63% do consumo eléctrico em Portugal em 2014


Ficha de leitura nº6
Unidade de ensino: Preservar e recuperar o meio ambiente 
Conteúdo/Assunto: Quase dois terços de toda a electricidade consumida em Portugal em 2014 foram produzidos a partir da água, do vento e do sol.

Resumo: O saldo do ano 2014 aponta para 62,7% de electricidade de origem renovável, um valor inédito pelo menos nos últimos 15 anos e possivelmente sem paralelo desde a década de 1960.







 Quase dois terços de toda a electricidade consumida em Portugal em 2014 foram produzidos a partir da água, do vento e do sol. O saldo do ano aponta para 62,7% de electricidade de origem renovável, um valor inédito pelo menos nos últimos 15 anos e possivelmente sem paralelo desde a década de 1960.

 A maior fatia da produção eléctrica veio das grandes barragens, que supriram 29,4% do consumo, segundo as contas da APREN-Associação de Energias Renováveis.

 A seguir vêm os parques eólicos, com 23,7%. Ou seja, hoje em Portugal praticamente uma em cada quatro lâmpadas eléctricas é acesa com a energia do vento.

 A terceira fonte para a electricidade em 2014 foi o carvão – a antítese das renováveis. Dos combustíveis utilizados nas centrais térmicas do país, é o mais sujo e o que mais liberta dióxido de carbono, o principal gás que está a aquecer o planeta. Mas com o valor do CO2 em baixa no mercado europeu de licenças de emissões, tem sido o preço do carvão em si – e não a sua factura ambiental – o determinante para a sua utilização para produzir electricidade em Portugal. Em 2014, a fatia que lhe coube foi de 22,2%.

 O país também registou uma dependência menor da electricidade importada. Na verdade, Portugal exportou mais 30% e importou menos 22% de energia eléctrica. O saldo ainda foi negativo, mas representou apenas 1,8% do consumo total – um terço do valor de 2013.

 O valor absoluto do peso das renováveis é o maior desde pelo menos 1999. António Sá da Costa, presidente da APREN, refere mesmo que só quando Portugal dependia essencialmente das barragens, nos anos 1960, é que a proporção de electricidade renovável terá sido superior.

 A meteorologia conta muito para a produção das renováveis, dada a variação do nível das barragens ano a ano. Descontado este factor – que é corrigido por um índice de produtibilidade hidroeléctrica – a parcela das renováveis chegou em 2014 a 55,4%, contra 53,1% em 2013.

 A meta do Governo é que haja 60% de electricidade renovável em 2020. “Só precisamos de crescer 1% por ano. É possível”, avalia António Sá da Costa. Ainda este ano a barragem do Baixo Sabor deverá começar a produzir electricidade e há mais projectos em curso.

 As eólicas, que tiveram um crescimento de apenas 0,5% no ano passado, também ainda poderão subir nos próximos anos. Mas um novo salto grande, como foi dado nos últimos dez anos, está mais comprometido com a intenção do Governo de não garantir tarifas especiais para a electricidade produzida pelos parques eólicos. “Potencial para crescer existe. O problema é como será a remuneração”, resume o presidente da APREN.






Luana Bento, nº19, 12ºC

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Bagas de mirtilo previnem problemas de visão


Ficha de leitura nº5
Unidade de ensino: Imunidade e controlo de doenças
Conteúdo/Assunto: Benefícios no consumo de mirtilos. 


Resumo: Estudos recentes provam que as bagas de mirtilo podem melhorar vários problemas de visão, incluindo miopia e degeneração da mácula ocular, mas não só. Descobre que outros benefícios tem este alimento adocicado rico em taninos, ácidos vegetais e sais minerais essenciais. 


 Estudos recentes provam que as bagas de mirtilo podem melhorar vários problemas de visão, incluindo miopia e degeneração da mácula ocular. Os mirtilos (Vaccinium myrtillus L.), também conhecidos entre nós por arandos, erva-escovinha ou uva-do-monte, são um arbusto mais popular no norte da Europa do que no sul. Crescem também de forma espontânea na América do Norte e Canadá. Gostam de solos siliciosos e ácidos, bosques, montanhas e os ambientes húmidos das florestas da Europa do Norte, onde se desenvolvem algumas espécies autóctones.
 Um desses exemplos é o Vaccinium uliginosum L., que se encontra apenas na Escócia e na Escandinávia, onde é conhecido por northern bilberry. A variedade V.angustifolium L. desenvolve-se na costa leste do Canadá e Estados Unidos da América e os seus frutos são geralmente maiores que as outras variedades. No nosso país, infelizmente, está bastante subestimado mas podemos no entanto encontrá-lo nos pinhais, matos e montanhas do Alto Minho, do Marão e da Serra da Estrela.
 O mirtilo é um arbusto de folha caduca com caules eretos multitirramificados, folhas ovais, pontiagudas, flores pequenas, brancas ou cor de rosa e bagas redondas que se tornam preto azulado quando amadurecem. Pertence à família das ericáceas e pode atingir cerca de quatro metros de altura, apesar de ser geralmente mais baixo.
Utilidades e componentes
 Na fitoterapia, utilizam-se as folhas e as bagas, que se colhem no fim do verão. Os frutos são muito ricos em taninos, ácidos orgânicos, glucósidos, pectinas, carotenos, flavonoides, antócianinas, vitaminas B e C, provitamina A e ácidos vegetais e sais minerais, sobretudo ferro, manganésio e crómio. Devido aos pigmentos antociânicos, que são antioxidantes e que existem nos frutos, exercendo no organismo uma ação anti-inflamatória e anti-hemorrágica.
 Além disso, também aumentam a resistência capilar e diminuem a sua permeabilidade e ajudam ainda a regenerar o pigmento roxo dos olhos necessários para a visão noturna, tendo sido muito utilizados pelos pilotos ingleses durante a segunda guerra mundial. Estudos recentes provam que as bagas de mirtilo podem melhorar vários problemas de visão, incluindo miopia e degeneração da mácula devido à idade ou a diabetes. Combate ainda insuficiências venosas como varizes e hemorroidas e diarreia, quando o fruto é ingerido seco.
 O fruto fresco é ligeiramente laxante e indicado para inflamações orofaríngicas, inflamações urinárias, antifúngico, anti-inflamatório. As folhas podem ser úteis em estados pré-diabéticos e infeções urinárias, diarreias, cistites e vaginites. O extrato de mirtilo faz parte da composição de muitos medicamentos especialmente para tratar problemas de visão. Externamente, pode utilizar-se em queimaduras, inflamação da mucosa oral, dos olhos e úlceras dérmicas.

Luana Bento, nº19, 12ºC

Investigadores de quatro países detetam eventual causa de falhas de memória


Ficha de leitura nº4
Unidade de Ensino: Imunidade e controlo de doenças
Conteúdo/Assunto: Uma equipa de duas dezenas de investigadores de Portugal, Holanda, Estados Unidos e China acaba de identificar o “possível responsável pelo surgimento de problemas de memória”.

Resumo: Uma equipa de investigadores daqueles quatro países descobriu que “os recetores A2A para a adenosina” têm “um papel crucial no surgimento de problemas de memória”, afirma a UC numa nota divulgada.
A adenosina é a “molécula que funciona como sinal de stress no funcionamento de vários sistemas do organismo, especialmente no cérebro”.

Coimbra, 13 jan (Lusa) – Uma equipa de duas dezenas de investigadores de Portugal, Holanda, Estados Unidos e China acaba de identificar o “possível responsável pelo surgimento de problemas de memória”, anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC).
A equipa de investigadores daqueles quatro países descobriu que “os recetores A2A para a adenosina” têm “um papel crucial no surgimento de problemas de memória”, afirma a UC numa nota hoje divulgada.
A adenosina é a “molécula que funciona como sinal de stress no funcionamento de vários sistemas do organismo, especialmente no cérebro”.
Esta é uma “investigação sem precedentes”, sublinha a UC, adiantando que o estudo, envolvendo especialistas da Faculdade de Medicina e do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC, vai ser publicado no Molecular Psychiatry, “o mais importante jornal internacional da área da psiquiatria”.
A investigação, desenvolvida com “modelos animais (ratinhos) saudáveis”, permitiu verificar, pela primeira vez, que o funcionamento em excesso dos recetores A2A (“localizados na membrana dos neurónios”) é “suficiente para causar distúrbios na memória”, salienta a UC.
Para conseguir a máxima precisão na informação sobre o comportamento dos ratinhos durante as experiências, os especialistas de Coimbra envolvidos no estudo criaram “um dispositivo inovador para, através da utilização de uma técnica de optogenética (técnica que não existe na natureza e que utiliza a luz para atuar e controlar ocorrências específicas em sistemas biológicos), ativar este recetor de adenosina e controlar de forma única o comportamento dos circuitos neuronais”.
Assim, “no exato momento em que os modelos animais desempenhavam as tarefas de memória, foi possível verificar, inequivocamente, que uma simples ativação intensa do recetor A2A era suficiente para provocar danos no circuito e gerar problemas de memória”, explica Rodrigo Cunha, coordenador da equipa portuguesa.
Esta descoberta é determinante para a Alzheimer, doença incurável caracterizada pela perda de memória, nomeadamente “para o desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento da demência mais comum”, sustenta Rodrigo Cunha.
“Se a simples ativação do recetor A2A é suficiente para causar distúrbios na memória, é possível desenvolver bloqueadores seletivos deste recetor”, acrescenta aquele professor da Faculdade de Medicina de Coimbra.
“Os investigadores já sabem o caminho a seguir”, conclui Rodrigo Cunha, recordando que “seis anteriores estudos epidemiológicos (alguns europeus) distintos” já tinham confirmado que “o consumo de cafeína diminui a probabilidade de desenvolver Alzheimer e que age sobre os recetores A2A (a cafeína liga-se aos recetores e impede o perigo)”.
Os investigadores pretendem agora “desenhar moléculas químicas semelhantes à cafeína capazes de atuar exclusivamente sobre este recetor, impedindo-o de provocar danos na memória”, conclui Rodrigo Cunha.


Luana Bento, nº19, 12ºC

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Está na moda dizer mal do leite, mas o leite faz bem

Ficha de leitura nr: 6
Unidade de ensino: Alimentação, ambiente e sustentabilidade.
Conteúdo/Assunto: Vários benefícios do leite para a saúde do seu corpo.
Resumo: Um número crescente de estudos sugere que consumir leite ajuda, reduz e previne certas doenças.


ESTÁ NA MODA DIZER MAL DO LEITE, MAS O LEITE FAZ BEM

Para a saúde óssea
O leite e os produtos lácteos fornecem cálcio, fosforo, magnésio e proteínas essenciais para a formação e reparação óssea. Um consumo adequado destes produtos ao longo da vida permite manter a densidade óssea em níveis adequados protegendo contra doenças como osteoporose.
Para a saúde dos dentes
A concentração de cálcio e fósforo presente no leite e derivados é benéfica para o desenvolvimento e manutenção da saúde dos dentes. A proteína mais abundante do leite, a caseína, ajuda a prevenir as perdas de cálcio e fósforo do esmalte quando os dentes são expostos a alimentos muito ácidos. Alguns estudos sugerem que o leite ajuda ainda a reduzir os efeitos carcinogénicos de alguns alimentos ao nível da boca.
Na tensão arterial
Um número crescente de estudos sugere que consumir 2 a 3 porções de leite e derivados integrados numa alimentação saudável, pode ajudar a reduzir a pressão arterial tanto em adultos como em crianças.
Na manutenção da saúde cardiovascular
Diversos estudos apontam para a ligação entre o consumo de leite e o risco reduzido de doenças cardiovasculares. Esta ligação pode dever-se a vários componentes presentes no leite mas está sobretudo associada ao cálcio. O consumo diário de cálcio pode reduzir os níveis de colesterol LDL no sangue bem como evitar a sua oxidação, o que ajuda a prevenir a incidência de doenças cardiovasculares.
Para além disso, alguns cientistas acreditam que o consumo de cálcio regular ajuda a evitar a absorção de gorduras saturadas no intestino prevenindo a sua acumulação no sangue.
Na prevenção da obesidade
O consumo de leite e derivados como parte de uma dieta completa, variada e equilibrada está associado à manutenção de um peso corporal saudável e à diminuição da acumulação de gordura visceral.
Na prevenção da diabetes tipo 2
Num estudo realizado em mais de 37000 mulheres de meia idade descobriu-se que aquelas que consumiam leite e derivados com baixo teor de gordura mais frequentemente, apresentavam um risco reduzido de desenvolverem diabetes tipo 2. Em 2005 outro estudo veio dar enfase ao primeiro referindo mesmo que por cada porção extra de leite ou derivados com baixo teor de gordura consumidos, o risco de incidência de diabetes tipo dois era reduzido. Acredita-se que esta associação poderá estar relacionada com o baixo índice glicémico do leite e derivados, para além da sua riqueza em cálcio e magnésio.
Na prevenção do cancro
Um estudo realizado em 45000 homens Suecos demonstrou que os homens que bebiam 1 copo e meio ou mais de leite por dia tinham 35% menos risco de desenvolver cancro do que aqueles que consumiam menos de 2 copos por semana. Outro estudo realizado em cerca de 40000 mulheres Norueguesas, concluiu que as mulheres que bebiam leite durante a infância e que continuavam a consumir durante a idade adulta tinham um risco reduzido de desenvolver cancro da mama. O Cálcio e o ácido linoleico conjugado, naturalmente presentes no leite, são apontados como razões para esta proteção.
Na hidratação
O leite é uma escolha excelente para hidratação corporal por ser muito rico não só em água como em minerais.
Na saúde ocular
O leite é rico em vitaminas B2 e A que constituem dois componentes essenciais para a manutenção da saúde ocular.
No fornecimento de aminoácidos essenciais
Os aminoácidos essenciais são aqueles que o corpo humano precisa de procurar em fontes externas. Em comparação com a carne ou o peixe, as proteínas do leite leite são cerca de 20% mais ricas em aminoácidos essenciais.
A nível económico
O leite é muito rico em proteínas e aminoácidos essenciais (que o nosso corpo não produz). Desde que a alimentação respeite as proporções da roda dos alimentos, as necessidades diárias de proteínas nos adultos ficam satisfeitas apenas com meio litro de leite, um ovo e cerca de 100 a 150g de carne ou peixe. Se eliminássemos o leite teríamos de aumentar para cerca de 220 a 330g de carne ou peixe o que ficaria muito mais caro. Na Noruega, o reconhecimento dos benefícios do leite tanto a nível nutricional como económico levou os Governantes a popularizarem o apreço pelo leite e a subsidiarem a sua produção durante anos.
Fonte: http://lifestyle.sapo.pt/saude/peso-e-nutricao/artigos/esta-na-moda-dizer-mal-do-leite-mas-o-leite-faz-bem

Trabalhar por turnos envelhece o cérebro mais depressa

Ficha de leitura nr: 5
Unidade de ensino: Imunidade e controlo de doenças

Conteúdo/Assunto: A
lterar os turnos de forma irregular e desregrada pode levar a danos da função cerebral, não só em termos de memória, mas também de rapidez de raciocínio.
Resumo: Um estudo de uma equipa de investigadores da Universidade de Swansea, no País de Gales, revelou que as pessoas que trabalham por turnos alternados sofrem perturbações e um envelhecimento da função cerebral.


Trabalhar por turnos envelhece o cérebro mais depressa

De acordo com o estudo publicado na revista norte-americana "Esquire", e conhecido esta quarta-feira, alterar os turnos de forma irregular e desregrada pode levar a danos da função cerebral, não só em termos de memória, mas também de rapidez de raciocínio.

O estudo, que também incluiu investigadores de outras universidades europeias, observou, durante 15 anos, cerca de 3000 pessoas que trabalhavam por turnos e que tinham passado por uma rotatividade acentuada de horários.

Entre estes trabalhadores, 1197 tinham feito por ano 50 turnos diferentes durante uma década, tendo sido analisada a sua capacidade cognitiva depois de se terem reformado, em 1996, 2001 e 2006.
Foram comparados com outros profissionais com horários regulares e que se reformaram nos mesmos anos.

Os que tinham trabalhado por turnos rotativos apresentavam problemas de memória, de processamento rápido de informação e de deterioração geral das capacidades cognitivas, quanto comparados com os trabalhadores que tinham os horários regulares.

Mas o estudo revela ainda que é possível recuperar as capacidades cognitivas quando for interrompido o trabalho por turnos, embora possam ser necessários cerca de cinco anos.

Nas conclusões do estudo, os investigadores salientam que não é somente a saúde daqueles profissionais que está em causa, mastambém a das pessoas com quem lidam.

Este não é o primeiro estudo do género a demonstrar que a rotação de turnos provoca danos na saúde, pesquisas anteriores revelaram que este tipo de rotação irregular leva a níveis mais baixos de serotonina, assim como uma probabilidade elevada de diabetes tipo 2, ataques cardíacos e úlceras.

No entanto, os investigadores são cautelosos em não apontar somente um fator para esta causa, considerando que há dois grandes "suspeitos": a interrupção do relógio interno do corpo e a privação da vitamina D proveniente do sol.

Os efeitos dos padrões de sono perturbado são mais fáceis de perceber, já que o relógio interno, que regula o sono e o apetite, mantém o cérebro em modo de tensão constante. Quando alguém trabalha no turno da noite e depois tem de enfrentar de forma alternada o turno da manhã, sente-se sonolento quando está a trabalhar e ativo quando deveria estar a dormir.

Segundo um estudo mais antigo referido no site "Science Daily", os trabalhadores de turnos noturnos e diurnos, dormem tipicamente menos uma a quatro horas do que a média. Alguns efeitos da privação do sono são imediatamente sentidos: sonolência, raiva, depressão, ansiedade, diminuição do desejo sexual, esquecimento e abrandamento de reflexos.

Fonte: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=4220934&page=2

Alimentos integrais evitam doenças cardíacas e ajudam a viver mais

Ficha de leitura nr: 4
Unidade de ensino: Alimentação, ambiente e sustentabilidade
Conteúdo/Assunto: Consumir uma porção por dia de grãos integrais já parece reduzir o risco de mortalidade.
Resumo: Consumir alimentos integrais pode ajudar as pessoas a viver por mais anos, principalmente porque previne doenças do coração. O hábito, porém, não parece evitar mortes provocadas pelo câncer.

Alimentos integrais evitam doenças cardíacas e ajudam a viver mais

Alimentos integrais: Estudo sugere que esses itens são aliados da saúde cardíaca
Alimentos integrais: Estudo sugere que esses itens são aliados da saúde cardíaca
Consumir alimentos integrais pode ajudar as pessoas a viver por mais anos, principalmente porque previne doenças do coração. O hábito, porém, não parece evitar mortes provocadas pelo câncer.
Essas são as conclusões de um novo estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, publicado na edição desta semana do periódico Journal of the American Medical Association (Jama).
Os pesquisadores analisaram os dados de mais de 74 000 mulheres e 43 000 homens que participaram de um levantamento nacional e que foram acompanhados entre 1984 e 2010. A equipa observou que as pessoas que costumavam ingerir alimentos integrais foram menos propensas a morrer ao longo deste período, principalmente em decorrência de uma doença cardíaca.
Os pesquisadores mostraram, por exemplo, que cada porção diária de 28 gramas de grãos integrais, como de arroz e pão integrais, reduzem em 5% o risco de morte por qualquer causa e em 9% as chances de morte por doenças do coração. A pesquisa não encontrou relação entre a ingestão desses alimentos e a taxa de mortalidade por câncer. 
"Essas descobertas reforçam a recomendação de aumentar o consumo de alimentos integrais para facilitar a prevenção primária e secundária de doenças crônicas e também fornece evidências promissoras de que uma dieta enriquecida com grãos integrais pode conferir benefícios em relação ao aumento da expectativa de vida", escreveram os autores no artigo.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/alimentos-integrais-evitam-doencas-cardiacas-e-ajudam-a-viver-mais

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A rota para uma mudança climática imprivisível

Ficha de Leitura nº 3
Unidade de Ensino: Preservar e Recuperar o meio ambiente
Assunto: Estamos diante de duas crises à escala planetária: mudanças climáticas e extinção de espécies.
Resumo: A acção humana é necessária para prevenir essas catástrofes climáticas. Não podemos ficar como espectadores mudos enquanto assistimos ao desaparecimento de paraísos. 
Fonte: Equerda.net, Janeiro de 2015

Os nossos atuais modos de produção e consumo, que começaram com a Revolução Industrial e se agravaram com o advento da agricultura industrial têm contribuído para ambas.
Se não forem tomadas medidas para reduzir as emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE), podemos experimentar um catastrófico aumento de 4°C na temperatura até ao final do século. Mas a mudança climática não causa apenas o aquecimento global. Ela está a intensificar as secas, inundações, ciclones e outros eventos climáticos extremos, como testemunhamos em diversas partes do mundo.
Nunca tínhamos ultrapassado as 280 ppm (partes por milhão) até à Revolução Industrial e os atuais níveis de CO2 (dióxido de carbono) ultrapassaram as 400 ppm. O óxido nitroso (N2O) e o metano são GEE, como o CO2, só que mais potentes. De acordo com o Relatório da Convenção sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), o N2O tem cerca de 300 vezes mais potencial para causar o aquecimento global do que o CO2, enquanto que o metano é em torno de 20 vezes mais forte.
As emissões de óxido nitroso e de metano aumentaram dramaticamente devido à agricultura industrial. O óxido nitroso é emitido através do uso de fertilizantes nitrogenados sintéticos e o metano é emitido a partir das atividades pecuárias que produzem leite, carne e ovos.
A Conferência da Organização das Nações Unidas de Leipzig sobre os Recursos Fitogenéticos, em 1995, avaliou que 75 por cento da biodiversidade do mundo havia desaparecido na agricultura devido à chamada Revolução Verde (programa da Fundação Rockefeller liderado pelo agrónomo norte-americano Norman Ernest Borlaug) e ao advento da agricultura industrial. O desaparecimento de polinizadores e organismos benéficos ao solo é outra dimensão da erosão da biodiversidade devido à agricultura industrial.
Mudanças climáticas, agricultura e biodiversidade estão intimamente ligadas. O avanço das monoculturas e o aumento no uso de fertilizantes químicos, combinados com a destruição de habitats, têm contribuído para a perda da biodiversidade, que faria o sequestro de gases de Efeito de Estufa.
Monoculturas químicas, mais vulneráveis ao fracasso no contexto de um clima instável, não são sistemas nos quais podemos confiar para garantir alimentos em tempos de incerteza. O processo de adaptação às alterações climáticas imprevisíveis requer diversidade em todos os níveis e, sistemas biodiversos não são apenas mais resistentes às mudanças climáticas, como também mais produtivos em termos de nutrição por hectare.
A humanidade estava informada e não adotou medidas destinadas a evitar às crises do clima e da biodiversidade. Na RIO-92, a comunidade internacional assinou dois acordos juridicamente vinculativos: as Convenções sobre o Clima e Biodiversidade; ambas baseadas no conhecimento das ciências ambientais e nos crescentes movimentos ecológicos. Um deles foi a resposta científica ao impacto da poluição dos combustíveis fósseis, o outro foi a resposta científica à erosão da biodiversidade devido à propagação de monoculturas industriais e químicas, bem como à poluição genética causada por organismos geneticamente modificados (OGM).
O Artigo 19.3 da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica prevê que as partes considerem a necessidade de um Protocolo que estabeleça procedimentos para a transferência, manipulação e uso de organismos vivos modificados (OVMs) resultantes da biotecnologia que possam ter um efeito adverso sobre a biodiversidade e seus componentes. Isto levou à implementação do Protocolo de Biossegurança.
A biossegurança cientificamente avalia o impacto dos organismos geneticamente modificados sobre o ambiente, a saúde pública e as condições socioeconómicas, garantindo a sustentabilidade social e ecológica de sistemas agrícolas e alimentares. Os sistemas baseados na agroecologia conservam a biodiversidade, aumentam a saúde e a nutrição por área de cultivo, garantem a segurança alimentar e aumentam a resiliência ao clima.
Mas, desde 1992, os grandes poluidores – a indústria de combustíveis fósseis e a indústria agroquímica (que é agora também a indústria da biotecnologia) – fizeram todo o possível para subverter os tratados ambientais internacionais sobre mudanças climáticas e biodiversidade, que são obrigatórios e baseados cientificamente. Porém, os seus ataques às ciências ambientais mantêm-se sem a necessária base científica e são absolutamente irresponsáveis, porque eles lançam-nos diretamente nos desastres e catástrofes climáticas enquanto impedem a realização de uma mudança, apesar de evidências científicas mostrarem que temos alternativas melhores e que funcionam.
Temos que nos afastar de uma agricultura industrial quimicamente-intensiva e do sistema alimentar global centralizado, baseado na produção de commodities, que contribui para as emissões. No lugar de uma biodiversidade destruída pelas monoculturas industriais, incluindo aquelas baseadas em sementes transgénicas, precisamos de uma mudança para práticas agroecológicas que conservem a biodiversidade e garantam a biossegurança. A transição para uma agricultura biodiversamente-intensiva e ecologicamente-intensiva aborda simultaneamente tanto a crise climática quanto a da biodiversidade, e, ao mesmo tempo, enfrenta a crise alimentar.
Embora a agricultura industrial seja um dos principais contribuidores para as mudanças climáticas e mais vulnerável a elas, há uma tentativa por parte da indústria da biotecnologia de usar a crise climática como uma oportunidade para expandir ainda mais o uso de OGMs e aprofundar o seu monopólio das sementes baseadas na biopirataria através de patentes, em detrimento das sementes resilientes ao clima que foram aprimoradas pelos agricultores ao longo de gerações.
Mas, como disse Einstein: “Nós não podemos resolver um problema com a mesma mentalidade que o criou”. Sistemas intensivos, centralizados, baseados na monocultura e em combustíveis fósseis, incluindo agricultura OGM, não são flexíveis. Eles não conseguem adaptar-se e evoluir. Precisamos de flexibilidade, resiliência e adaptação a uma nova realidade. Esta resiliência vem da diversidade. Esta diversidade de conhecimento, economia e política é o que eu chamo de Democracia da Terra.
A nossa vizinha, Caxemira, enfrentou uma tragédia este ano, assim como Uttarakhand, na Índia, viveu no ano passado. Quando a chuva de um dia possui cinco a seis vezes mais volume do que o normal, é um evento extremo. Isto é o que significa a mudança climática. Ela custou vidas, dizimou vilas, fazendas, estradas, pontes. As atividades humanas criaram desastres como o dilúvio na Caxemira. A ação humana é necessária para prevenir essas catástrofes climáticas. Não podemos ficar como espectadores mudos enquanto o paraíso da Índia na terra torna-se o “Paraíso Perdido”.

Se o clima mudar o que acontece aos legumes que comemos?

Ficha de Leitura nº 2
Unidade de Ensino: Produção de alimentos e Sustentabilidade
Assunto:É possível garantir a qualidade dos produtos e a segurança alimentar num mundo que enfrenta alterações climáticas? Segundo Ana Allende, especialista em Microbiologia Alimentar, “os problemas de saúde relacionados com o consumo de vegetais afetam cada vez mais pessoas e provocam mais hospitalizações.”
Fonte: Euronews, Novembro de 2014

Se o clima mudar o que acontece aos legumes que comemos?

É possível garantir a qualidade dos produtos e a segurança alimentar num mundo que enfrenta alterações climáticas? Segundo Ana Allende, especialista em Microbiologia Alimentar, “os problemas de saúderelacionados com o consumo de vegetais afetam cada vez mais pessoas e provocam mais hospitalizações.”
É precisamente para tentar minimizar estes riscos que um grupo de investigadores europeus trabalha em sítios pouco usuais, como numa unidade de processamento de saladas em Bremen, na Alemanha. Cerca de cem toneladas de vegetais são processadas semanalmente nesta fábrica. O produto mais utilizado é, sem dúvida, a alface. Um dos grandes desafios desta indústria consiste nos métodos de conservação.
“Nós trabalhamos com um sistema a frio, para manter a salada a uma temperatura estável e evitar que se dilate ou encolha. É assim que conseguimos garantir um produto fresco ao cliente. Mas a questão é que o tempo de validade é reduzido – de 3 a 5 dias, dependendo dos produtos. Gostávamos de poder alargar esse prazo. É importante que a salada, por exemplo, mantenha uma consistência rígida. O mesmo com as cenouras – não queremos que fiquem flácidas e que percam o sabor”, afirma o responsável, Benjamin Heinemann.
Há um projeto científico europeu que se debruça exatamente sobre as condições de acondicionamento dos vegetais, de forma a aumentar a frescura dos produtos e a segurança. O primeiro passo assenta na análise do aspeto, da textura, do sabor – claro -, e do cheiro. Todos estes fatores variam de acordo com o tempo decorrido após o processamento, o tipo de embalagem ou os compostos de conservação. Imke Matullat, nutricionista, explica que “o trabalho de investigação demonstrou que não é só o período de conservação que é importante, mas também a temperatura do local onde o produto é guardado, a humidade, se há mudanças naquela atmosfera, se a salada por exemplo está fechada em vácuo… Tudo isto tem um papel nos parâmetros de avaliação como a aparência, a textura e o cheiro.”
As análises microbiológicas e bioquímicas permitem aos investigadores apurar precisamente como atuam os microorganismos e que consequências produzem quando os vegetais já estão fora de prazo. Os dados que têm sido recolhidos estão a ser compilados num software online que permite construir estimativas sobre os efeitos de cada etapa, da recolha ao processamento, na qualidade e segurança dos legumes frescos. Alexander Ellebrecht, engenheiro, realça que se está a desenvolver “um software que seja muito acessível, de forma a que as empresas consigam otimizar a atividade através do sistema de antecipação. Não é necessária uma formação específica para utilizar a plataforma, as empresas não vão precisar de grande ajuda para usar este software.”
Continuação em : http://pt.euronews.com/2014/11/17/se-o-clima-mudar-o-que-acontece-aos-legumes-que-comemos/